Qual o impacto de selo da Unesco para 12 escolas de Santa Maria

Qual o impacto de selo da Unesco para 12 escolas de Santa Maria

Fotos: Bibiana Pinheiro (Diário)

Conviver com a diversidade tem sido um dos maiores desafios da atualidade, e o desenvolvimento de estratégias para minimizar conflitos nasce já no período escolar. Há anos esta é a missão da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF)  junto ao Caic Luizinho De Grandi. O resultado deste trabalho foi reconhecido neste ano, com o selo do Programa de Escolas Associadas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (PEA-Unesco). Focada na luta pela paz, a comunidade escolar implementa projetos de sustentabilidade, problemas mundiais, cultura de paz e intercâmbio cultural – eixos centrais do programa das Nações Unidas.


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Outras duas escolas municipais foram incluídas na lista neste ano, EMEFs Renato Zimmermann e Tenente João Pedro Menna Barreto. Entre rede pública e privada, há 13 instituições educacionais que integram o PEA-Unesco na região, sendo 12 de Santa Maria e uma de Júlio de Castilhos.


Desde a pré-escola, com crianças de 6 anos, até os adultos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), os pilares do programa PEA-Unesco estão inseridos no dia a dia da sala de aula. Para a diretora da EMEF junto ao Caic Luizinho De Grandi, Meri Antonello, este é o ponto destaque capaz de conquistar o selo:


–  A gente já trabalhava com as várias temáticas do programa com os professores, alunos, pais, então ficou muito fácil articular, inclusive com vários tipos de idade e níveis diferentes.



"Essa escola é da Paz"

Rodas de conversas, atividades recreativas e produtivas. Estas e tantas outras ações são realizadas com os 850 alunos da instituição. A EMEF junto ao Caic Luizinho De Grandi tem como base "Eu sou da paz, essa escola é da Paz", mas implementa em suas atividades outros eixos, além de seguir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 


A horta no pátio da escola é uma das iniciativas que se encaixa nos ODS. Os alunos do 5º ano são responsáveis por cultivar os alimentos, que chegam na mesa do refeitório. Rafael Batista da Veiga, 11 anos, acompanha o desenvolvimento do projeto:


– A professora nos disse que fizemos as coisas na horta e depois as tias do lanche usam na comida do colégio. Plantamos cenoura, morango e outros alimentos. Também tem os temperos. Cavamos a terra, fazemos adubo. Tem que arrancar os que nascem e que não eram para nascer e plantar as que têm.  


Sustentabilidade

Do lado dos que colocam a mão na terra, há aqueles que deixam a imaginação correr solta com os materiais reciclados. A proposta era fazer um robô, e a turma do 4º da Nicole Debus Pacheco, 9 anos, aceitou o desafio.


– A professora pediu para fazermos robôs com sucatas. Ela contou uma história sobre meio ambiente e lixo jogado nos rios e nas ruas. Peguei uma caixinha de leite e um rolo de papel higiênico. Depois pintei. Ele ficou muito bonito – exibe Nicole.  



Atividades como estas são pensadas no início do ano em um pré-projeto. A responsável pelo planejamento é a orientadora educacional do EJA noturno e ponto focal da rede PEA Unesco na escola, Ana Paula Cristino, 49 anos:


– A certificação não significa um prêmio e sim que a escola consegue articular seus trabalhos com o seu trabalho pedagógico. A certificação é uma responsabilidade social. Estivemos no processo desde 2019. Trabalhamos em todos os anos de diferentes formas, desde a educação infantil até o 9º ano e também na modalidade EJA. É bem abrangente e requer um comprometimento de todos.


Observar o bairro

Um dos pontos importante é a capacidade de contextualizar a programação a partir das necessidades apresentadas pelos alunos. Assim, aparecem discussões importantes, como feita na turma de Giovana Nascimento dos Santos, 13 anos, em 2022:


– Pensamos em uma maquete e a ideia era falar sobre a natureza.  Colocamos tudo que a gente queria de bom na Lorenzi, como uma praça. Também teve pista de skate e sorveteria. Essas coisas que vemos mais no bairro Centro e que não tem tanto aqui.


O ensino da base


Nas palavras da diretora Meri, na escola, o programa tem como objetivo ensinar para as crianças que é possível lutar por dias de paz, e este trabalho começa desde o pré. Na turma da professora Angélica Regina Schmengler, 33 anos, os pequenos são entusiasmados por conhecer coisas novas.


– É agora que vamos plantar essa sementinha para depois gerar frutos. Então todos os dias intermediamos. Se temos momentos em que coleguinha está brigando, com ciúme, procuramos na roda de conversa enfatizar a importância da amizade, valorizar os profissionais da escola, a nossa família, respeitar um ao outro. Tentamos isto de forma lúdica, nas brincadeiras, durante as atividades.  


Escolas contempladas

Rede municipal

EMEF junto ao CAIC Luizinho de Grandi, bairro Lorenzi

EMEF Renato Zimmermann, bairro Camobi

EMEF Tenente João Pedro Menna Barreto, bairro Caturrita

EMEF Altina Teixeira, bairro Juscelino Kubitschek

EMEF Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, bairro N. S. do Perpétuo Socorro

EMEF Chácara das Flores, bairro Chácara das Flores

EMEF Pão dos Pobres Santo Antônio, bairro N.S. de Fátima

EMEF Vicente Farencena, bairro Camobi

EMEF José Paim de Oliveira, Distrito de São Valentim

EMEF Intendente Manoel Ribas, Distrito de Santo Antão

EMEI Borges de Medeiros, bairro N.S. de Fátima

Particular

  • Escola de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Providência, bairro Passo D'areia

Ensino Superior

  • Instituto Federal Farroupilha de Júlio de Castilhos

Processo para integrar a rede PEA

  • 1) Ler o edital da Unesco e identificar pontos semelhantes com o trabalho desenvolvido na escola
  • 2) Em Santa Maria, os pedidos das escolas da rede municipal de ensino foram feitos pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Educação (Smed), em 2019
  • 3) As escolas devem produzir relatórios em que conste projetos e ações condizentes com os pilares da rede
  • 4) A cada final de ano, deve ser enviado documentação com a descrição das ações relacionadas a certificação, junto a fotos e filmes que as comprovem
  • 5) Em 2023, a EMEF Caic conquistou a certificação – uma responsabilidade social
  • 6) O certificado deve ser renovado a cada ano com o envio de relatórios para a análise pela Unesco em nível nacional e na sede, em Paris


Escolas recebem materiais da Unesco

No município, o processo para integrar a rede é por meio da Secretaria de Educação. Os trâmites são centralizados na ponto focal do PEA-Unesco Santa Maria e região, Elhonara Diniz Ribeiro. Um trabalho constante para que as ações desenvolvidas nas escolas tenham mais visibilidade.


– Quando as escolas nos procuram, analisamos os projetos que elas realizam e encaixamos nos quatro eixos da Unesco e nos 17 objetivos de desenvolvimento. Têm escolas que superam os pilares de análise. O maior benefício é a troca entre as escolas pelo mesmo objetivo. Isso catalisa os esforços e repercute positivamente nas escolas, que podem ampliar o trabalho pela cultura da paz, em todas as suas formas.


Entre escolas públicas e privadas, cinco foram as certificadas no município neste ano. Elas aguardavam desde 2019, pois o processo foi prolongado devido à pandemia de Covid-19.


Na descrição de Elhonara, toda escola associada recebe um certificado internacional e tem o direito de utilizar a logomarca do PEA. As instituições recebem também materiais produzidos pela Unesco e participam de concursos internacionais lançados com frequência. Alunos e professores brasileiros já foram convidados a viagens internacionais para encontros do programa.


EMEF junto ao Caic - Luizinho de Grandi

  • 840 alunos
  • 65 professores
  • 25 salas de aula
  • Aula manhã, tarde e noite
  • Educação infantil a partir dos 4 anos, com anos iniciais, finais e Educação Para Jovens e Adultos (EJA) noturno
  • Endereço – Rua Olga Parcianello Lorenzi, s/n, bairro Lorenzi
  • Lema da escola – "Eu sou da paz, essa escola é da Paz"


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